segunda-feira, dezembro 14, 2009

O Mundo é Feito de Vidro

WEST, Morris; O Mundo é Feito de Vidro. Lisboa: Editora Europa-América. Edição nº 156019/5931.
"(...) amor é uma palavra-camaleão e nós, seres humanos, mudamos de cor mais depressa que as palavras que dizemos." [p. 51]
"(...) palavra de origem latina. Sanus, saudável, Insanus, não saudável. Significado genérico: não de mente saudável, mentalmente perturbado. Contudo, na linguagem comum, a palavra é usada de maneira ampla para abranger toda uma variedade de sintomas, da simples histeria a estados de ilusão obsessiva ou demência violenta." [p. 148]
"(...) Religião, sexo e sofrimento constituem provavelmente a mais constante trindade das experiências humanas. Pense nisso por um momento. A religião, que já definimos juntos, trata do mistério, o mistério das nossas origens, dos nossos fins, do nosso relacionamento com o cosmo, com o mistério do próprio sofrimento. Qual é o símbolo que nos confronta em toda a igreja cristã? O crucifixo, o corpo de um homem torturado, pregado numa cruz de madeira... O sexo é um acto tanto divino como animal. É o começo da vida. É também a pequena morte. A fúria de amantes não está muito distante da fúria da violação e matança. O primeiro impulso do amante desapontado é infligir dor à pessoa outrora amada... Olhe para as imagens de Hieronymus Bosch e verá o princípio prazer-dor distorcido numa visão sexual do inferno." [p. 170]
"(...) quando se grita, escreve ou canta por muito tempo num quarto vazio acaba-se por se dar em doida. Já falou dos seus próprios casos de amor, doutor. Nunca teve vontade de dizer alguma coisa e descobriu que não havia ninguém para escutar? Nunca sentiu vontade de dizer coisas ternas, mesmo sabendo que apenas ecoariam num muro de pedra?" [p. 189]
"(...) As Clarissas Pobres foram gentis. Deixaram-me enterrar Magda no cemitério do convento. Tive de ser franco e comunicar à Madre Superiora que ela era uma descrente. A velha foi maravilhosa. Tem 80 anos, talvez mais, mas ainda possui uma lucidez impressionante. E disse-me: «Gianni, meu rapaz, não importa o que acreditamos em relação a Deus. O que conta é o que Ele sabe a nosso respeito. A sua Magda será muito bem-vinda aqui.»" [p. 271]