quinta-feira, julho 27, 2006

Nikolai Vassilievitch Gogol

Sorotchintsi, Poltava: 1809 - Moscovo: 1852

Escritor russo. Oriundo de uma família de pequenos proprietários de terra ucranianos, passa a sua primeira infância no campo. Em 1821 muda-se para Nezin para estudar. Desde muito cedo deseja ser autor de teatro. Em Sampetersburgo conhece Puchkin, que o influencia notavelmente. Em 1836 inicia uma longa viagem pela Europa. Reside em diversas cidades, particularmente em Romas. Em 1848 volta para a Rússia e instala-se em Moscovo, onde vive o resto dos seus dias.

Gogol é a primeira grande figura do realismo russo. Começa por escrever contos: Serões na Propriedade de Dikanka, Arabescos, O Retrato, Diário de um Louco... Publica um importante romance romântico, Taras Bulba, que descreve as lutas do Cossacos contra os ocupantes polacos. Mas não demora a inclinar-se para as propostas literárias do realismo. A este género se sujeita a sua obra-prima, Almas Mortas, que, baseando-se num facto real, uma burla que consiste em comprar servos mortos para os hipotecar e obter assim um empréstimo, vem a ser uma visão violentamente satírica da Rússia anterior à abolição da escravatura.

Nos seus últimos anos vive atormentado pelas dificuldades que experimenta para narrar uma segunda parte de Almas Mortas. Vagueia pela Europa durante três anos, queima o manuscrito e prepara um volume intitulado Trechos Escolhidos da Correspondência com os Amigos. A reacção da crítica é muito dura, contra os propósitos moralizantes do autor. O crítico Belinski tacha-o de czarista. A inquietude e a insatisfação empurram-no para uma adesão fervente à fé cristã; o conflito da sua consciência com a actividade de escritor torna-se insustentável. Após uma viagem à Terra Santa, uma crise mística domina-o nos últimos anos da sua vida.