Carta doclisboa
Caro colega,
estive no doclisboa no Domingo, 24 de Outubro, e assisti aos dois filmes que passaram na sessão das 21 horas.
Antes de prosseguir, devo dizer que costumo ser atacado pelo sono sempre que me sento numa sala de cinema, ou até mesmo em casa, para ver um filme. Habituei-me à ideia de que os bons filmes me mantêm desperto, os razoáveis entre a vigília e o sono, intermitentemente, e os maus filmes empurram-me para o sono profundo.
É certo que não sou um perito em cinema, muito menos nesta raridade que é o documentário, mas o que passo a dizer, a título pessoal, é que o primeiro filme, com 8 minutos, - "Detail" - manteve-me mais a dormir do que acordado, a única imagem que conservo daí é um jipe da tropa a fazer curvas, piões e percorrer a mesma estrada um montão de vezes, tal como um carrinho comandado à distância.
O que concluí daqui?
Seca. A não ser que me tenha mostrado como o estado de pressão em que os palestinianos vivem e a monotonia que se tornou para os soldados israelitas, também para eles já é seca.
Já quanto ao "Checkpoint", também o achei um pouco exagerado, sobretudo em tempo (80 minutos) para nos mostrar que os soldados israelitas fazem o que lhes apetece, e o estado de miséria e de rebaixamento humano a que estão submetidos os palestinianos, uma vez que para passarem de uma cidade para outra, na sua vida normal, têm de passar por postos de controle, e passarão conforme esteja feita a digestão da última refeição do israelita que lá se encontre.
Ao estado que aqueles cidadãos chegaram! Impressionou-me a humildade daquele jovem (a pedir, quase implorar) que queria entrar na cidade para levar alguns mimos à sua noiva, com quem iria casar daí a dois ou três dias. Ou aquele Pastor que foi obrigado a abandonar aquele autocarro de crianças, para que elas pudessem prosseguir viagem, e ele despede-se delas voltando para trás a pé. Discriminação religiosa? Inconsciência de adolescentes?
Julgo que só as imagens deste último parágrafo seriam bem menos de 80 minutos e tornariam, pelo menos para mim, este documentário muito mais apetecível.
É certo que nesse dia não estava muito disponível nem física nem psiquicamente. Também é certo que essa foi a minha primeira vez neste género de filme. E é certo que desde então noto que a minha opinião tem sofrido evoluções.
Apesar de tudo quero lá voltar, por isso é porque o doclisboa me disse alguma coisa.
Ahh! Aquilo tinha um aparelho que projectava as legendas portuguesas pequenas demais, o que fez com que me impacientasse mais, visto que às tantas já os olhos choravam e o nariz pingava com o esforço que estava a fazer.
estive no doclisboa no Domingo, 24 de Outubro, e assisti aos dois filmes que passaram na sessão das 21 horas.
Antes de prosseguir, devo dizer que costumo ser atacado pelo sono sempre que me sento numa sala de cinema, ou até mesmo em casa, para ver um filme. Habituei-me à ideia de que os bons filmes me mantêm desperto, os razoáveis entre a vigília e o sono, intermitentemente, e os maus filmes empurram-me para o sono profundo.
É certo que não sou um perito em cinema, muito menos nesta raridade que é o documentário, mas o que passo a dizer, a título pessoal, é que o primeiro filme, com 8 minutos, - "Detail" - manteve-me mais a dormir do que acordado, a única imagem que conservo daí é um jipe da tropa a fazer curvas, piões e percorrer a mesma estrada um montão de vezes, tal como um carrinho comandado à distância.
O que concluí daqui?
Seca. A não ser que me tenha mostrado como o estado de pressão em que os palestinianos vivem e a monotonia que se tornou para os soldados israelitas, também para eles já é seca.
Já quanto ao "Checkpoint", também o achei um pouco exagerado, sobretudo em tempo (80 minutos) para nos mostrar que os soldados israelitas fazem o que lhes apetece, e o estado de miséria e de rebaixamento humano a que estão submetidos os palestinianos, uma vez que para passarem de uma cidade para outra, na sua vida normal, têm de passar por postos de controle, e passarão conforme esteja feita a digestão da última refeição do israelita que lá se encontre.
Ao estado que aqueles cidadãos chegaram! Impressionou-me a humildade daquele jovem (a pedir, quase implorar) que queria entrar na cidade para levar alguns mimos à sua noiva, com quem iria casar daí a dois ou três dias. Ou aquele Pastor que foi obrigado a abandonar aquele autocarro de crianças, para que elas pudessem prosseguir viagem, e ele despede-se delas voltando para trás a pé. Discriminação religiosa? Inconsciência de adolescentes?
Julgo que só as imagens deste último parágrafo seriam bem menos de 80 minutos e tornariam, pelo menos para mim, este documentário muito mais apetecível.
É certo que nesse dia não estava muito disponível nem física nem psiquicamente. Também é certo que essa foi a minha primeira vez neste género de filme. E é certo que desde então noto que a minha opinião tem sofrido evoluções.
Apesar de tudo quero lá voltar, por isso é porque o doclisboa me disse alguma coisa.
Ahh! Aquilo tinha um aparelho que projectava as legendas portuguesas pequenas demais, o que fez com que me impacientasse mais, visto que às tantas já os olhos choravam e o nariz pingava com o esforço que estava a fazer.
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