quarta-feira, outubro 27, 2004

Carta doclisboa

Caro colega,

estive no doclisboa no Domingo, 24 de Outubro, e assisti aos dois filmes que passaram na sessão das 21 horas.
Antes de prosseguir, devo dizer que costumo ser atacado pelo sono sempre que me sento numa sala de cinema, ou até mesmo em casa, para ver um filme. Habituei-me à ideia de que os bons filmes me mantêm desperto, os razoáveis entre a vigília e o sono, intermitentemente, e os maus filmes empurram-me para o sono profundo.
É certo que não sou um perito em cinema, muito menos nesta raridade que é o documentário, mas o que passo a dizer, a título pessoal, é que o primeiro filme, com 8 minutos, - "Detail" - manteve-me mais a dormir do que acordado, a única imagem que conservo daí é um jipe da tropa a fazer curvas, piões e percorrer a mesma estrada um montão de vezes, tal como um carrinho comandado à distância.
O que concluí daqui?
Seca. A não ser que me tenha mostrado como o estado de pressão em que os palestinianos vivem e a monotonia que se tornou para os soldados israelitas, também para eles já é seca.
Já quanto ao "Checkpoint", também o achei um pouco exagerado, sobretudo em tempo (80 minutos) para nos mostrar que os soldados israelitas fazem o que lhes apetece, e o estado de miséria e de rebaixamento humano a que estão submetidos os palestinianos, uma vez que para passarem de uma cidade para outra, na sua vida normal, têm de passar por postos de controle, e passarão conforme esteja feita a digestão da última refeição do israelita que lá se encontre.
Ao estado que aqueles cidadãos chegaram! Impressionou-me a humildade daquele jovem (a pedir, quase implorar) que queria entrar na cidade para levar alguns mimos à sua noiva, com quem iria casar daí a dois ou três dias. Ou aquele Pastor que foi obrigado a abandonar aquele autocarro de crianças, para que elas pudessem prosseguir viagem, e ele despede-se delas voltando para trás a pé. Discriminação religiosa? Inconsciência de adolescentes?
Julgo que só as imagens deste último parágrafo seriam bem menos de 80 minutos e tornariam, pelo menos para mim, este documentário muito mais apetecível.
É certo que nesse dia não estava muito disponível nem física nem psiquicamente. Também é certo que essa foi a minha primeira vez neste género de filme. E é certo que desde então noto que a minha opinião tem sofrido evoluções.
Apesar de tudo quero lá voltar, por isso é porque o doclisboa me disse alguma coisa.
Ahh! Aquilo tinha um aparelho que projectava as legendas portuguesas pequenas demais, o que fez com que me impacientasse mais, visto que às tantas já os olhos choravam e o nariz pingava com o esforço que estava a fazer.

terça-feira, outubro 26, 2004

ERREI

O que se faz quando se erra?

Justificamos os nossos erros,
para que consigam entrar na nossa carne e assim compreenderem-nos?

E se essas justificações,
plausíveis para nós que erramos, não o são para os atingidos?

Pedimos desculpa?

E se não acreditam na nossa tristeza, que nos auto-penalizámos pelo erro que cometemos?

E se sofremos por termos errado, mas podem-nos meter em causa e à veracidade desse sofrimento e auto-penalização?

Choramos?
Rimos? Gritamos ao Mundo que errámos e que nos arrependemos profundamente?

E quando isso ainda não é suficiente?


E mesmo depois de mostrarmos que somos bons e maus,
que somos humanos, que cometemos erros?


Matamo-nos?











Não! Esperamos.

Dias melhores virão...

segunda-feira, outubro 25, 2004

"ADORO TER-TE NA MINHA VIDA! QUERES FICAR POR MUITO TEMPO?"



Já sabia que ia ser assim!

Uma vida atarantada, cheia de acção, como uma laranja seca que depois se espreme e não deita sumo nenhum.

Como se pode construir alguma coisa quando não temos os meios necessários para construirmos aquilo que mais queremos? Quando não é possível encontrar pessoas gémeas que querem, pensam, sentem, agem tal e qual como nós?

As promessas... mais uma vez a viver longe da realidade, a viver no meu Mundo, onde me sinto bem, de onde a realidade insiste em me ir buscar para me deixar mal.

Utopia... onde sou feliz, onde insisto em ficar por muito que me digam que é a hora de acordar.Não quero mais confirmações da catástrofe que é este mundo, esta sociedade. Não quero mais saber e sentir as injustiças, nem saber que as pessoas têm o bem, mas também o mal intrínsecos a elas.

Quero ser feliz, só isso!

Mas esta felicidade que busco só faz parte deste Mundo, no qual só eu habito. Preciso de O encher com mais corpos, mais almas, para que consiga então encontrar essa felicidade e parece-me que isso é cada vez menos possível.

Adorei ter estado na tua vida!
É pena que tenha sentido que foi pouco tempo!

terça-feira, outubro 12, 2004

"O CÓDIGO DA VINCI"

Não vos quero bombardear com esta onda d'O Código da Vinci, mas de facto é um livro contagiante e está a fazer com que passe noites mal dormidas para que consiga lê-lo o mais rápido possível. Este livro foi-me emprestado por uma amiga, mas fico a pensar se realmente não é um livro que vale a pena ter em casa. Talvez acabe por comprar um...

Para aqueles que ainda não o leram, fica uma das várias interessantíssimas passagens deste livro de Dan Brown. É pena não ter conseguido arranjar uma imagem melhor.

A Última Ceia - Leonardo da Vinci

"Sophie examinou a figura à direita de Jesus, concentrando a atenção. À medida que estudava o corpo e o rosto da personagem, sentiu uma onda de estupefacção crescer-lhe no peito. O indivíduo tinha longos cabelos vermelhos, mãos delicadamente entrelaçadas, a sugestão de um seio. Era, sem a mínima dúvida... uma mulher. (...)"

"(...) A Última Ceia é suposta apresentar treze homens. Quem é a mulher? Embora tivesse visto aquela imagem clássica vezes sem conta, nunca reparara na gritante discrepância."

"(...) - Quem é ela? - perguntou.

- Essa senhora, minha querida - respondeu Teabing -, é Maria Madalena.

(...) - Como já disse - esclareceu Teabing -, a Igreja primitiva precisava de convencer o mundo de que o profeta mortal Jesus era um ser divino. Por essa razão, os evangelhos que descreviam aspectos terrenos da vida de Jesus tinham de ser omitidos pela Bíblia. Infelizmente para os primeiros editores, havia um tema terreno particularmente perturbador que aparecia mencionado em todos os evangelhos. - Fez uma pausa. - O casamento de Jesus Cristo."

A análise d'A Última Ceia, de Leonardo da Vinci continua neste livro, isto foi só uma pequena amostra das várias ideias inovadoras que Dan Brown nos traz com O Código da Vinci.

segunda-feira, outubro 11, 2004

"DIÁLOGO DAS COMPENSADAS"

O Fatias de Cá é um grupo de teatro que foi criado em Tomar no ano de 1979 e o seu nome é inspirado no doce conventual da região "Fatias de Tomar".Com várias peças em cena um pouco por toda a zona centro do país, o Diálogo das Compensadas é uma delas e está em cena no Castelo de S. Jorge em Lisboa, à Quinta-feira pelas 21:18 até dia 16 de Dezembro.

Num futuro distante, um cronista narra um acontecimento do recuadíssimo Século XXI falando uma língua muito à frente, o chamado Yeah-Yeah-Man, tendo como base um livro daquele distante Século escrito em português decadente. As personagens centrais deste espectáculo são um jovem empresário, mais ambicioso do que realmente competente, e uma abadessa envolvida por uma aura de mistério, que vão mantendo vários diálogos inicialmente de negócios e acabando em lições de vida frutíferas, sobretudo, para aquele jovem, no Convento das Compensadas.

Os espectadores são levados nesta analepse com a ajuda do narrador futurista e acompanham as personagens nas variadas salas daquele convento.

No intervalo são servidos alguns doces conventuais acompanhados por um chá quente ou por um Vinho do Porto e no final da peça um chocolate quente partilhado com os actores e toda a equipa de produção deste espectáculo, tornando possível uma agradável conversa sobre aquilo a que assistimos.

Um espectáculo interessante, mas não brilhante, sobretudo em relação à representação. Acompanhado por novas tecnologias, não fosse o período representado o Século XXI, sugestivo para aqueles que se interessam por questões liguísticas (como será realmente o nossa língua daqui a uns séculos?) e com uma boa mensagem a transmitir-nos.

Uma adaptação, e encenação, de Carlos Cavalheiro a partir do romance de João Aguiar, Diálogo das Compensadas.

sábado, outubro 09, 2004

"UMA CASA NO FIM DO MUNDO"

"Julgo que nunca recuperamos inteiramente dos nossos primeiros amores. Julgo que, na extravagância da juventude, oferecemos os nossos afectos facilmente, quase arbitrariamente, na falsa convicção de que teremos sempre mais para dar."


Jonathan e Bobby são dois amigos de adolescência que passam juntos a fase de identificação com os pares. O destino da família de Bobby faz com que ele passe a viver com uma nova família, que é a do seu melhor amigo, Jonathan.
Começando a haver uma crescente cumplicidade entre estes dois jovens, apaixonam-se um pelo outro, paixão esta que perdura com o passar dos anos.
Depois de Jonathan ter cursado, em Nova Iorque, conhece Clare com a qual passa partilhar casa nesta mesma cidade. Entretanto, Bobby decide que tem de abandonar a cidade do interior e ir para Nova Iorque, juntando-se a Jonathan e Clare.
Estes vão representar o moderno conceito de família, mostrando como se pode viver de uma maneira aberta no seio familiar, deixando-nos a pensar que realmente os padrões rígidos tradicionalistas e conservadores que nos impõem condicionarão sempre a nossa felicidade, quando a vida pode ser um breve momento cheio de intensidade positiva.
Um romance de Michael Cunningham, autor de As Horas, adaptado para cinema.
Vale a pena ler!

sexta-feira, outubro 08, 2004

INAUGURATION

Pois é... depois de algumas conversas, acabaram por me influenciar a aderir a esta moda dos blogs. Ainda não sei muito bem o que poderá surgir por aqui mas decerto irei escrever sobre acontecimentos do meu dia-a-dia os quais terão à mistura, muitas vezes e sobretudo, literatura e teatro.
Também é provável que vá divagando sobre o meu mundo utópico e contra as injustiças deste onde infelizmente me encontro. Pois, apesar dos meus 21 anos (quase 22) ainda acredito que posso mudar as coisas. Na verdade penso que sou um eterno puto inconformado.
Enfim, os meus pais já me bateram, puseram-me no Júlio de Matos, fizeram-me jogos de orientação (levavam-me para o mato, metiam-se no carro e aceleravam e eu tinha de encontrar o caminho para casa, sozinho e a pé), mas eu nunca mudei nem os deixei, sei que isso ia fazê-los sofrer muito. Já a minha avó dizia que sou de personalidade forte e acho que isso se confirma.
Bem, já disse o que tinha a dizer para esta inauguração. Podem acreditar que o paizinho Olarques vos vai contar e informar de muitas coisas, basta visitarem-no com regularidade.
Ahhh, já me ia esquecendo, podem dar sugestões e também as podem pedir. Têm o endereço de e-mail ao vosso dispor.